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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Telefone com fio


  Estamos ligados por um emaranhado, segurando as pontas desse barbante esperando que ele não se parta, uma vez que há tantos nós. Como um telefone com fio, é o barbante que nos liga, mas está complicado de lhe ouvir.
  Minha mão está fraquejando e não sei por mais quanto tempo vou conseguir segurar. Estamos por um fio. Quando vamos juntos tentar desfazer os mal entendidos? Ainda não percebeu? A cada passo para trás o fio se estica. A cada briga ele se enrosca. Uma hora o fio estoura.     
   Antes éramos ligados e entrelaçados, éramos unidos. Só eu percebo que isso mudou? Estamos afastados. A mão está abaixando, os olhos se enchendo d’água; estou cansada. Aos poucos os joelhos titubeiam e ameaçam ceder. Você vai estar aqui para me pegar? Meu pedido de socorro vai atravessar a linha?
   Estou com medo, me sinto só, mesmo tendo sua voz chegando baixinho pela lata. Você me sente ai contigo? Sinto falta dos seus abraços, seus beijos, seu sorriso, você. Não posso ter tudo isso a distância. A distância está aumentando, o fio está esticando, sua imagem está embaçando.   
   Quero-lhe ao meu lado. Quero que tornemos a ser unidos, para que a única linha presente seja a do destino, envolvendo-nos e fazendo com que fiquemos próximos por muito mais tempo. Mas, para isso, é preciso que você veja nossa distância e comece a andar na minha direção. Meus joelhos estão fracos – cansa andar em vão (eu ando, você afasta).
   Será que meu apelo atravessou o fio? A visão turva não me permite ver, mas a esperança me faz crer. Cabe a você me dizer se meu pedido chegou até ai, e agir. Vou cair, sei que sim. Só quero você aqui para me segurar e me reerguer. Nada mais. 
  

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